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5 de abril de 2010

Efeitos do Treinamento de Força em Portadores da Osteoporose



AUTORES : FERNANDA COSTA E THÁIS PONTES

RESUMO
Este estudo tem como propósito apresentar os benefícios do treinamento de força ou também chamado de treinamento resistido para portadores de osteoporose, que é o resultado da perda progressiva de massa óssea, pois é uma forma segura e eficiente de prevenção, pelo fato da musculatura forte exercer tensões e trações que agem sobre os ossos, promovendo o aumento da massa óssea. Na terceira idade, onde ocorre mais a fragilidade óssea, a qualidade de vida esta inteiramente ligada a independência funcional, ou seja, viver sem depender de outras pessoas. Mostraremos com este estudo os efeitos do treinamento de força na perspectiva de uma qualidade de vida melhor em pessoas portadores de osteoporose.
OSTEOPOROSE
A osteoporose é uma doença silenciosa (sem sintomas) que é caracterizada pela diminuição de massa óssea e desestruturação da micro arquitetura, levando a um estado de fragilidade em que podem ocorrer fraturas após traumas mínimos. A doença afeta principalmente mulheres, na pós menopausa e na terceira idade (KOWALSKI et al, 2001; MANIDE & MICHEL, 2001). Devido à ausência de sintomas as pessoas podem perder massa óssea durante anos (osteopenia), mas só perceberem a existência da doença na ocorrência de episódios mórbidos mais graves.
A osteoporose é uma doença complexa cujas causas não são totalmente conhecidas. Sabe-se que certos fatores estão associados como maior risco para essa doença. Nunes (2001) relaciona alguns desses fatores como ser mulher e estar na pré-menopausa com alto risco, incluindo a menopausa cirúrgica, amenorréias e anorexia nervosa, menopausa precoce ou natural, retirada do útero e ovário, falta da menstruação por excesso de exercícios ou doença; nestas situações há uma diminuição drástica na produção de estrogênio, hormônio que evita o aumento da reabsorção óssea, o envelhecimento de pessoas com idade maior que 65 anos, ter um corpo pequeno e leve com estatura menor que 1,60m e peso menor que 50 kg (o peso é um estímulo para a formação óssea), ser branco ou asiático, história familiar positiva (filhos dos pais com osteoporose têm maior probabilidade de desenvolver a doença e imobilização prolongada).
TREINAMENTO DE FORÇA
O treinamento de força, também conhecido como treinamento contra resistência ou ainda treinamento com pesos é um exercício físico tanto para melhorar a aptidão física, manter um condicionamento físico do individuo como também para a prevenção de doenças como a osteoporose. No entanto o treinamento de força inclui o uso regular de pesos livres, máquinas, peso corporal e outras formas de equipamento para melhorar a força, potência e resistência muscular, mas é preciso ter controle postural e orientação adequada, já que a realização incorreta e a carga excessiva podem gerar lesões nos músculos e articulações (SIMÃO, 2004).
O treinamento de força pode aumentar a densidade óssea mineral em pessoas de todas as idades, revertendo o processo de enfraquecimento ósseo, fatores como os genéticos, hormonais e nutricionais, desempenham papéis importantes na saúde óssea, e o treinamento de força é uma atividade que desenvolve um sistema de musculoesquelético mais forte e ajuda os ossos a resistirem à deterioração (WESTCOSTT & BEACHLE, 2001).
Hipertrofia muscular é um aumento na secção transversa do músculo, e isso significa aumento no tamanho e no número de filamentos de actina e miosina e adição de sarcômeros dentro das fibras musculares já existentes. Essa hipertrofia muscular é observada por meio dos treinamentos de força. Treinamento de força X Osteoporose
Segundo Campos (2001), na fase de adaptação, os exercícios devem enfatizar os grandes grupos musculares, e depois devem ser acrescentados exercícios para os músculos menores. Os exercícios nos aparelhos devem ser utilizados no lugar dos exercícios com peso livre, pois o risco de queda é menor. Quanto à carga, ele diz que o teste de carga máxima não deve ser usado com esta população, e que o ideal é começar com exercícios de resistência muscular, para depois incluir progressivamente exercícios de força. Após o período de adaptação, as sobrecargas podem chegar a 60-80% de 1RM, diz Campos (2001).
Segundo SIMÃO (2001) o efeito do treinamento de força pode trazer benefícios e manter qualidade de vida contra o declínio degenerativo do envelhecimento.
Atualmente sabe-se que os exercícios com pesos não são apenas os mais eficientes para aumentar a massa óssea, mas também para aumentar a massa e a força dos músculos esqueléticos. Adicionalmente, melhoram a flexibilidade e a coordenação, evitando quedas em pessoas idosas, que poderiam produzir fraturas em ossos osteoporóticos. Outra qualidade dos exercícios com pesos que justifica a sua utilização nas faixas etárias onde a osteoporose constitui problema é a sua segurança. A incidência de lesões é muito reduzida em função da ausência de choques entre pessoas, de movimentos violentos, e mínimo risco de quedas. Também se demonstrou que a segurança cardiológica nos exercícios com pesos bem orientados é superior à de exercícios de média intensidade realizados de maneira contínua, onde o aumento da freqüência cardíaca pode ser fator patogênico importante (SANTOS & AMORIM, 2002).
Para Pinto Neto (2002), o osso é um tecido que se adapta e se desenvolve estrutural e funcionalmente em resposta às forças mecânicas e às demandas metabólicas. Para Weineck (2005), os ossos assim como os músculos, sofrem alterações com o treinamento, no entanto, a capacidade de adaptação óssea quando comparada com a capacidade de adaptação da musculatura, ocorre de forma mais lenta. Bompa e Cornacchia (2000) ressaltam que a capacidade de adaptação muscular excede a capacidade de adaptação do aparelho locomotor passivo (ossos, ligamentos e tendões). Afirmam que o treinamento realizado com cargas de alta intensidade, sem um período adequado para adaptação óssea, pode ocasionar uma redução no seu conteúdo mineral, o que leva ao risco de lesões. Contudo, um treinamento de força realizado com o aumento da carga de forma progressiva e no período adequado, apresenta um efeito positivo na densidade mineral óssea, o que contribui na formação de ossos fortes e resistentes, prevenindo a osteoporose.
Os efeitos do exercício físico ou do treinamento na melhoria da densidade óssea podem ser, a priori, elucidados pela Lei de Wolf (SIMÃO, 2004; NUNES, 2001). A Lei de Wolf é descrita por vários autores como um fenômeno que mostra a relação funcional e estrutural do tecido ósseo, demonstrando que sua formação e remodelação ocorrem em respostas às forças mecânicas aplicadas a ele. Foi verificado que a atividade física e o estresse mecânico nos ossos são produtos da tensão muscular, e como resultado, acarretam um incremento na densidade mineral óssea (SIMÃO, 2005). Nunes (2001), ao citar a lei de Wolf, afirma que as trabéculas ósseas (tubos que compõem os ossos, tanto o esponjoso quanto o compacto) são adaptadas de acordo com as direções das cargas impostas, demonstrando que as modificações que ocorrem no osso, produzem alterações tanto na sua estrutura interna quanto na sua estrutura externa e função, tornando assim esta reestruturação óssea mais forte na direção de maior exigência.
Nunes (2001) e Simão (2005) mencionam que há alguns estudos que demonstram uma estreita relação entre a densidade mineral óssea com as variáveis ligadas à saúde, como a força muscular e a massa magra. Ressaltam, ainda, que apesar destes estudos apresentarem conclusões limitadas, altos níveis dessas variáveis estão associados a altos níveis de massa óssea, sugerindo que um programa de treinamento que objetiva um incremento da força muscular e da massa magra tenham um efeito positivo sobre a densidade mineral óssea.
O treinamento de força também mostrou um efeito benéfico em indivíduos da terceira idade, tanto na redução da perda óssea, quanto no incremento da massa óssea. Além disso, este tipo de atividade proporciona um aumento na força e na massa muscular, melhora a coordenação, a flexibilidade, a agilidade e o equilíbrio, fatores importantes na vida do idoso, pois contribuem para sua autonomia prevenindo as fraturas por quedas (NUNES, 2001; SIMÃO, 2005).
Simão (2005) ressalta que o treinamento de força pode mais adequadamente satisfazer o critério para o processo de maior formação óssea, porque envolve altas taxas de esforço em um tempo relativamente curto, por ser realizado de forma segmentada e por incrementar a massa e a força muscular, como já mencionado, parecem apresentar uma influência positiva sobre a massa óssea. Além disso, é uma atividade realizada sob a ação da gravidade.
CONCLUSÃO
Podemos concluir que não é somente na terceira idade que precisa se cuidar, preocupar com a saúde, qualidade de vida e sim, durante toda a vida, desde a infância, praticando atividade física, alimentando-se adequadamente (cálcio, vitamina).
O treinamento com pesos traz bastante benefícios, não somente para a osteoporose, mas também para uma melhora de qualidade de vida, mesmo com o envelhecimento que é uma conseqüência do efeito biológico e fisiológico da vida. Além dos benéficos para a qualidade de vida, o treinamento resistido realiza modificações consideráveis na saúde dos idosos, pois fortalece os ossos evitando fraturas e são exercícios sem impactos, sem perigo de queda, aumenta a massa muscular e controle de gordura corporal.
A literatura demonstra, através de inúmeros estudos, que o treinamento de força pode ser desempenhado por idosos com completa segurança, utilizando aparelhos guiados específicos, resultando em aumentos de massa muscular, diminuição de gordura corporal e aumento da densidade óssea, e que esses fatores podem melhorar a capacidade funcional resultando em uma melhora da qualidade de vida dessa população. É importante que se entenda que não se deve abandonar tratamento de reposição hormonal ou ingestão de cálcio aleatoriamente. O treinamento de força é uma atividade com efeito benéfico para portadores da osteoporose.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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